Percepção da fertilidade: Parte 1 – Conhecimento é poder

"Conhecimento é poder"

“Conhecimento é poder”

 

Imagine que você conhece o que tem “lá embaixo”. Você sabe como funciona o seu corpo, e principalmente, o seu sistema sexual/reprodutor. Você não tem mais vergonha, medo, raiva, dúvida, confusão, ressentimento em relação às suas “partes íntimas”. Você entende todas as mudanças que acontecem em seu corpo e sua mente ao longo do ciclo menstrual e das fases da vida.

Imagine que você sabe dizer quando está fértil e quando não está fértil. E mais ainda, você sabe dizer quão perto está da ovulação, ou se já ovulou. Você consegue prever a data da próxima menstruação com cerca de duas semanas de antecedência, e sua previsão está correta.

Imagine que você conhece, nos mínimos detalhes, o que é normal e saudável pro seu corpo e o que não é. Você não tem mais todas aquelas dúvidas e angústias, não precisa mais ficar pesquisando sintomas no Google ou marcando diversas consultas pra no final ouvir que está tudo bem. Você sabe quando está tudo bem. Você também sabe quando não está tudo bem. Inclusive, sabe tantos detalhes sobre o que não está bem, que é muito mais fácil pra você e o profissional de saúde de sua confiança descobrir qual é o problema e tratá-lo corretamente.

Imagine que, quando você não quer engravidar, você usa todo esse conhecimento que tem sobre seu próprio corpo a seu favor. Você sabe quando está fértil e quando não está, e ajusta seu comportamento sexual de acordo com esse conhecimento. Você faz sexo de forma consciente, saudável, segura, e extremamente satisfatória. Você não precisa mais de nenhum método cirúrgico, hormonal ou de barreira pra evitar engravidar. Você corre risco de engravidar, porque sempre há um risco, mas você o conhece, sabe que ele é muito baixo, e sabe que ele está totalmente em suas mãos. Você tem controle da situação.

Imagine que, quando você quer engravidar, você sabe quando é a melhor hora de tentar. Você conhece seu corpo tão bem, que antes mesmo de começar a tentar, já sabe se está tudo bem ou se terá alguma dificuldade pra engravidar. Se você tem algum problema, você também tem informações preciosas sobre ele, que vão ajudar muito ao buscar um tratamento. Quando você engravida, você consegue saber se está grávida ou não, sem fazer nenhum teste de sangue ou de urina. Você consegue determinar quando a concepção provavelmente ocorreu, e portanto, qual será a data provável do parto.


Talvez agora você esteja pensando: tá, isso é tudo muito lindo, mas eu não curto esse negócio de imaginar. Prefiro ficar com os dois pés no chão, bem fincados na realidade.

Ao que eu respondo: tudo bem, você não precisa imaginar. A realidade é que tudo isso já é possível. E tem um nome: percepção da fertilidade.


 

Quando uma mulher tem percepção da fertilidade (do inglês, fertility awareness) ela tem conhecimento sobre seu corpo, e é capaz de determinar se está fértil ou não. Esse conhecimento lhe traz poder: ela pode decidir usar esse conhecimento para engravidar, evitar uma gravidez, ou para obter mais informações sobre sua própria saúde.

Existem diferentes métodos que são chamados, de forma genérica, de métodos baseados na percepção da fertilidade (do inglês, fertility awareness-based methods). Mas apesar de fazerem parte do mesmo grupo, esses métodos são muito diferentes entre si. Alguns não permitem fazer tudo isso que escrevi acima, mas outros permitem, sim!

Esses métodos são raramente vistos, discutidos e ensinados. E quando finalmente aparecem, em algumas poucas listas de métodos contraceptivos, geralmente são tratados como farinha do mesmo saco, coisa que não são!

Por isso, nesta série de posts, vou explicar mais sobre métodos baseados na percepção da fertilidade, descrevendo o funcionamento básico de cada método. Vou entrar mais a fundo em um deles, o método sintotermal (do inglês, sympto-thermal method). Para entender exatamente como funciona esse método, vou descrever o ciclo menstrual (e vai ser uma descrição bem mais completa e interessante que aquela que você viu na quinta série!). Também vou fazer uma comparação da eficiência, prós e contras do método sintotermal em relação a todos os demais métodos contraceptivos disponíveis hoje. Por fim, vou explicar como obter mais informações sobre o método sintotermal.

Se você se interessou por tudo isso, fique de olho nas próximas partes desta série!

Veja aqui a continuação desta série:

Percepção da fertilidade: Parte 2 – Métodos baseados na percepção da fertilidade (Não é tudo farinha do mesmo saco!)